segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cinema em alto e bom som (e melhor ainda se for sem som!)



Domingo frio e chuvoso. Nada melhor do que curtir um cineminha. Desta vez, decidi ver dois filmes, um atrpas do outro. Primeiro embarquei nas aventuras de um "musiquinho" baiano, nascido em Santo Amaro da Purificação, a 73 km de Salvador, na Bahia. Dirigido por Fernando Grostein Andrade, o filme "Coração Vagabundo" acompanha uma viagem musical de Caetano Veloso durante uma turnê americana e japonesa do disco "A Foreign Sound". Ao longo de breves 60 minutos, o espectador entra na intimidade do compositor. Apesar de ser gostoso ver Caetano em momentos tão inusitados (como quando ele se vê obrigado a comer um doce japonês) e, até mesmo nu, "Coração Vagabundo" não consegue desvendar completamente a alma do compositor e sua vasta obra e carreira são deixadas um pouco de lado. Apesar de não ser o objetivo do filme, falta profundidade e respostas. Talvez, sendo apenas um extra de DVD (como era o obejtivo inicial), o material daria conta do recado.

Assista ao trailer de "Coração Vagabundo"




As imagens e a edição são primorosas. Pequenos detalhes são destacados de forma delicada e engraçada (como é o caso da japonesa que dorme no metrô). Talvez o grande ponto do filme são as cenas que mostram o cineasta italiano Michelangelo Antonioni, que faleceu em julho de 2007, além do depoimento do também cineasta Pedro Almodóvar, que rasga elogios à Caetano Veloso e Paula Lavigne.

Mesmo com a falta de profundidade, vale a pena se divertir com o Caetano polêmico e irreverente que todos nós conhecemos.
*****

Depois de sair da sala feliz, mas sem estar completamente satisfeita, decidi assistir ao longa-metragem "Casamento Silencioso". Dei um tiro no escuro, afinal não tinha lido nenhuma crítica e as sinopses dos jornais geralmente não despertam o interesse devido. Mesmo assim decidi entrar e tive uma surpresa maravilhosa.

O enredo, segundo o tijolinho: Na Romênia de 1953, um casamento é interrompido pelo anúncio da morte de Joseph Stalin, que traz uma semana de luto nacional.


Assista ao trailer de "Casamento Silencioso":





Todo o filme é muito bem cuidado, mas uma sequência em particular chama muito a atenção e vale o ingresso. Com a morte de Stalin, Nara (Meda Andreea Victor) e Iancu (Alexandru Potocean) se veem proibidos de comemorar sua união. Toda a festa estava pronta, a comida preparada, os convidados que vieram de longe estavam devidamente arrumados e os noivos, prestes a iniciar as comemorações. Até que líderes do partido comunista anunciam que o país ficará de luto, e, portanto, festas ou qualque tipo de manifestação estão proibidas neste período.

Os convidados, então, se recolhem e dão início à uma comemoração dentro de casa, de maneira totalmente silenciosa. Esta sequência é sensacional. Uma aula de comédia inteligente e bem feita. Depois destas cenas, poderia ir tranquilamente para casa, pois já estaria feliz. No final, o filme faz algumas revelações que tornam a história uma comédia dramática muito bem delineada e interessante. Não quero estragar a surpresa de vocês. Só digo uma coisa: Vale a pena assistir a originalidade do filme.

Depois desta experiência fui para casa feliz. Foi uma noite de muita música com Caetano e pouco som com os romenos. Adorei a mistura.
*****

Obs: Caetano que me desculpe, mas a música brasileira que é a melhor do mundo. Ouvindo "Para Ver As Meninas", de Paulinho da Viola.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Palmas para Som & Fúria!!!




Atores extraordinários, um diretor renomado e um enredo inovador e diferenciado. Bata tudo isso no liquidificador, ponha no forno por alguns minutos e só: você está pronto para servir um seriado irreverente. Uma receita que virou sucesso e faz o público se deliciar.

Adaptação da série canadense Slings and Arrows, Som & Fúria mostra os bastidores de uma companhia de teatro, dirigida por Dante Viana (Felipe Camargo), que assumiu o posto logo após a morte de seu velho amigo Oliveira (Pedro Paulo Rangel), então diretor da companhia. É neste cenário que surgem talentos como Andréa Beltrão, Maria Flor, Daniel de Oliveira, Dan Stulbach, Regina Casé, Cecília Homem de Mello e, mais recentemente, Rodrigo Santoro, Daniel Dantas e Débora Falabella.

O que mais impressiona é que a série é muito direta, simples e despretenciosa. Apesar de ter adorado a belíssima "Capitu" e a emocionate jornada de "Hoje é dia de Maria", é visível que Som & Fúria consegue passar a sua mensagem muito mais facilmente, sem deixar de lado a linguagem lúdica e teatral.





Felipe Camargo está impecável no papel do sarcástico Dante, o diretor fracassado e louco. Dan Stulbach é um perfeito atrapalhado na pele do diretor administrativo Ricardo. Palmas também para Andréa Beltrão, maravilhosa, com uma atuação primorosa para a atriz decadente que dá chiliques. É mágico ver a mesma atriz às quintas-feiras fazendo dois papéis tão diferentes e tão bons. Pedro Paulo Rangel, o defunto que "assombra" (ou clareia?) a vida de Dante, Regina Casé (a inescrupulosa Graça), Cecília Homem de Mello (a secretária Maria) e Daniel Dantas também merecem destaque especial.

Além dos atores e do texto, um dos pontos fantásticos de Som & Fúria é a sua trilha sonora de Tangos e Tragédias, o que dá humor e dramaticidade as cenas. Os planos da fachada do Theatro Municipal de São Paulo também são muito bons.

Enfim, caso Fernando Meirelles fosse atropelado por um caminhão de presunto (como Oliveira), ele poderia ficar descansado. Depois de trabalhos primorosos como "O Jardineiro Fiel", "Cidade de Deus" e "Ensaio sobre a Cegueira", esta microssérie veio para coroar ainda mais sua carreira.

Esta é a última semana de Som & Fúria. Estamos torcendo para ter mais "loucuraaa e luxúriaaaa" na televisão brasileira.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Cem aninhos de um velho contador de histórias




"Imortal! Com o povo que me conquistou
E a aura do Municipal
Hei de emanar a luz
No palco do meu carnaval
E caminhar, sob o brilho e o ar de Paris
Um boulevard passos para um novo país
Nas rimas da minha poesia
O meu Rio de Janeiro
Derrubava o passado e erguia
O cenário pra encantar o mundo inteiro"

(Samba-enredo da Vila Isabel 2009)

Uma construção muito cara, mas igualmente suntuosa. No dia 14 de julho de 1909 é inaugurado o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Praça General Floriano, no centro da cidade maravilhosa. Sua edificação representou um dos símbolos do projeto de modernização do prefeito Pereira Passos para a então capital do Brasil. O plano do novo teatro teve seu desenho inspirado na Ópera Garnier, de Paris. As obras demoraram cerca de quatro anos para serem concluídas.

Desde sua inauguração, a casa de espetáculos não parou mais. Para comemorar o seu centenário, foi iniciada uma obra de restauração e modernização do Theatro, contemplando o monumento com a restauração do telhado, da arquitetura externa e interna e da modernização das instalações prediais. E hoje, no dia de seu aniversário, o velho contador de histórias não pôde contar mais uma. As obras continuam e devem terminar somente em novembro.



Mas o público não ficou abandonado. Durante todo o dia, o teatro em obras esteve aberto para visitações e uma programação que inclui dança e música clássica acalentou os muitos corações saudosos das histórias do velho Municipal.

Assim, o Theatro que recebeu as peças revolucionárias "Orfeu", de Vinícius de Moraes, e "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues e que foi homenageado pela Escola de Samba Vila Isabel em 2009, estará, definitivamente, pronto para o futuro. Novas janelas, cortinas e poltronas contribuirão para mais 100, 200, 300 anos de histórias. E o velho Municipal ainda vai proporcionar alegrias e tristezas para outras milhares de vidas. Parabéns meu velho, pelos seus 100 anos de arte!

domingo, 12 de julho de 2009

68 mil amigos no Maracanã



"Você outro dia disse numa canção que queria ter um milhão de amigos, mas não adivinhou que hoje, esse amigos são dezenas de dezenas de milhões espalhados por esse Brasil maravilhoso, muito bem representado por um Maracanã lotado de gente que te ama. É um privilégio ser merecedor de sua amizade. E queria te dizer que nas próximas encarnações, se você deixar, eu quero ser seu cumpadre, seu parceiro e seu amigo".

Foi assim que Erasmo Carlos descreveu seu amigo, em um dos momentos mais emocionantes do show Roberto Carlos 50 anos de música. Os dois choraram e mostraram para o público o sentimento verdadeiro que sentem um pelo outro.

Veja o dueto entre Erasmo e Roberto no espetáculo de ontem:



Roberto estava visivelmente muito emocionado e chorou com Erasmo. Wanderléia se juntou a dupla e eles relembraram os tempos da Jovem Guarda.

Apesar da chuva, o público estava muito animado e feliz. Na música "Eu te amo", ecoava o som de "Eu também" da plateia. Uma cena que vai ficar para sempre na minha memória.

Mesmo longe do palco, senti a emoção das pessoas. O grande espetáculo aconteceu no final, com os lindos fogos que se lançavam no ar ao som do sucesso "Jesus Cristo".

Para quem era fã, foi um espetáculo completo. Para mim, foi o início de uma admiração.

sábado, 11 de julho de 2009

Está chegando a hora do show





Eu caí de paraquedas neste evento, mas aí vou eu. Esta noite, eu e minha mãe vamos assistir a um dos shows que comemoram os 50 anos de carreira de Roberto Carlos. Ganhei os ingressos. Não sou fã de Roberto, nem nunca me liguei na obra dele. Sabia de sua importância, de sua longa carreira, dos tempos da Jovem Guarda ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléia e da tamanha admiração que o público tem pelo seu trabalho e também pela pessoa que ele é. Até então, nada disso me dizia muita coisa.

Esta semana, só se falou nele. Eram participações em programas de TV, entrevistas, vídeos históricos que relembravam sua trajetória e, é claro, as músicas que não paravam de tocar um só instante nas rádios. Confesso que, com todo este clima, passei a observar mais quem era este homem que mexe tanto com as pessoas.

Nos últimos dias, assisti inúmeros vídeos de diferentes anos, onde Roberto canta "Emoções" e acabei sendo tocada. Tocada pela letra, pela melodia, pelas interpretações, e, principalmente pela "emoção" dos fãs ao vê-lo cantar, o que é mais fascinante.

Por isso, estou indo comemorar os 50 anos de carreira, não de um músico que eu admiro, mas de um homem que tanto mexe com a alma das pessoas. Se isso é verdadeiro ou não, a mim não importa. O que continua me chamando a atenção é todo este fascínio que envolve o menino simples de Cachoeira do Itapemirim que consquistou o Brasil com sua voz e suas rosas sem espinho. Vou para o Maracanã para observar a reação destas pessoas, inclusive a da minha mãe, que vai assistí-lo pela primeira vez. Vou lá para conhecer mais o trabalho de um brasileiro que representou e ainda representa muito para a música popular brasileira. Como admiradora da cultura deste país, não poderia deixar de vê-lo cantar. Mesmo que seja para me decepcionar.

As expectativas são as melhores possíveis. Tenho certeza que, mesmo se eu não gostar deste show, "vou viver este momento lindo", senão para mim, mas para tantos outros corações apaixonados.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu começo com um adeus



Há algum tempo eu quero criar um blog. Existe aquela pressão dos professores de jornalismo: "Você deve ter um blog. Ele te dará visibilidade", "O jornalista deve estar integrado com as novas mídias" ou "O estudante deve praticar o que ele aprende em sala de aula"... enfim. Desde que tive meu primeiro blog (que não foi adiante!), em uma aula da faculdade, tenho vontade de escrever em um lugar que fosse só meu e que eu pudesse falar o que viesse na minha cabeça. Juro que não foi por pressão dos professores não!

Pois é, mas faltava tempo e um bom motivo. Tempo agora eu tenho, afinal estou de férias na faculdade. Faltava apenas o chamado "gancho" (olha o jargão jornalístico!), um motivo especial e atual. No dia 25 de junho deste ano, eu estava na redação (em mais um dia de trabalho), quando começou a correr a notícia da morte de Michael Jackson. Ficou um disse-me-disse, ninguém confirmava a informação, até que, no final da tarde, o que muitos fãs temiam se confirmou. O Rei do Pop estava realmente morto.

No início a minha ficha não caiu. Eu estava mais empolgada com a adrenalina na redação do que com a gravidade da notícia. Só comecei a pensar a respeito na volta para casa. Liguei o rádio enão parei de mudar as estações... onde eu ouvisse a voz do astro, era ali que eu parava. Eu não queria saber sobre as sessões de quimioterapia da Dilma Rousseff (nada contra ela). Não queria saber do trânsito. Só queria ouvir Michael Jackson. E no meu trajeto de 1h20 não me lembro de ter escutado nenhuma informação relevante. Assim como eu, ninguém sabia de mais detalhes. Tudo o que eu desconhecia de Michael Jackson eu conheci ali. Para segurar a audiência, as emissoras tocavam músicas, falavam sobre a biografia do astro e conversavam com os mais inusitados entrevistados. Para mim estava ótimo. Qualquer coisa que falassem de Jackson me deixaria satisfeita e confortada. Eu só queria ouvir isso, mais nada!

Ao longo dos dias a ficha foi caindo. Eu, que não era fã e apenas conhecia as músicas populares de Jackson, comecei a ficar obcecada pelo assunto. E, só assim, fui me tocar do que estava acontecendo e percebi a tamanha importância de Michael para a música mundial. Um artista completo: pelo canto, pela dança, pelas composições, pelas inovações que trouxe. Não vou ficar repetindo o que todos os veículos disseram. Só gostaria de expressar o que estou sentindo. É uma perda irreparável para a música e para milhares de fãs ao redor do mundo.

Impressionante a mobilização e a comoção. Confesso que cada coisa que leio, ouço e vejo, vou ficando mais sensibilizada. Na segunda-feira assisti ao polêmico documentário "Living with Michael Jackson", produzido pelo jornalista britânico Martin Bashir. O filme só confirmou minhas impressões. Michael ficou preso em uma infância que ele não viveu. Queria ser o Peterpan, brincava e convivia com crianças e se afundava em dívidas por causa de brinquedos e artesanatos. Um coração puro e uma cabeça infantil, fruto de experiências terríveis na infância, principalmente por causa do pai. O preconceito, os maus-tratos e o abuso por parte de Joe Jackson, o sucesso e o dinheiro, a perda da infância e a insatisfação com sua aparência fizeram do "little Michael", um ser polêmico, envolvido em escândalos e um homem muito solitário.
Ontem, assistindo ao funeral, mais uma vez fiquei me perguntando se não era cedo demais para ele morrer. Os discursos de Brooke Shields e da pequena Paris foram os momentos mais emocionantes.




Acho que a maneira com que Michael morreu foi um reflexo do que ele era realmente: Idolatrado, polêmico e solitário.

Mas, a vida continua. E, é claro, que os fã não deixaram o legado do astro morrer. Hoje mesmo descobri um site genial que homenageia o astro. É o
Eternal MoonWalk (a dança de Michael). Ele recebe o vídeo de qualquer pessoa que queira imitar, de alguma maneira, a dança criada por Jackson. Vale a pena conferir.

E as homenagens não param. Como disse no meu
twitter, até a Maísa fez uma menção ao Rei do Pop, "o finado maika jaksa, coitado. Um beijo para ele, tomara que ele esteja feliz no lugar que ele esteja". Incrível.

Bom, achei que a morte do astro seria um bom motivo para dar início ao meu blog. Sempre que possível quero atualizá-lo com vídeos, fotos e quem sabe podcasts próprios (que chique!). Meu foco aqui será a cultura brasileira, pois é o assunto que eu mais gosto. Música, teatro, literatura, cinema... enfim. Um giro pela cultura tupiniquim e o que acontece neste ramo pelo Brasil afora. Reportagens, textos mais elaborados, textos informais. A ordem é variar os estilos.

Foi dada a largada. E deixe eu fazer o meu moonwalk, começando com o pé direito.